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Ano-novo, que comece 2021! Ou seria 5782?

Ano-novo para você comemorar em TODOS os meses!

Primeiro de janeiro, dia de ano-novo, mas, ano-novo para quem?

Se você é cristão, assim como eu, está hoje no dia 1 de janeiro de 2021, mas nem todas as pessoas do mundo estão juntas nessa, nem no quesito “virada de ano” nem na data, que faz referência ao calendário gregoriano.

De acordo com o dicionário, calendário é um “sistema de medida que, baseando-se em fenômenos astronômicos ou num conjunto de regras específicas, divide o tempo em dias, meses e anos”. Normalmente, também está intimamente ligado a tradições culturais e religiosas e é por isso que alguns povos celebram suas festividades em momentos distintos. Ainda de acordo com a Wikipedia, existem outros 33 calendários e até mesmo um dedicado aos anos de reinado dos monarcas do Reino Unido, utilizado em documentos oficiais e históricos do governo!

Embora crenças e celebrações sejam as mais variadas possíveis, é unânime que o ano-novo representa um recomeço, um momento de novas promessas e, sobretudo, de votos de muita prosperidade para o novo ciclo que se inicia. Sendo assim, que tal aproveitar para revisar suas resoluções e vibrar energia positiva ao longo de todo o ano? Ampulheta virada, vamos embarcar em uma viagem no tempo para conhecer alguns dos calendários utilizados ao redor do mundo. E, se você gosta de festa, aqui vai encontrar motivo para celebrar em absolutamente T-O-D-O-S os meses do ano!

Calendário Gregoriano e Ano-Novo Cristão

O calendário gregoriano, tal como o conhecemos hoje, foi instituído pelo Papa Gregório XIII em 1582 e baseia-se no ciclo solar, ou seja, na rotação da Terra ao redor do Sol, que leva aproximadamente 365 dias. Embora por algum tempo o dia 25 de março tenha marcado o início do ano, o referido Papa também restabeleceu o primeiro de janeiro como dia de ano-novo nos países católicos.

Isso aconteceu porque no dia 25 de março, data da Anunciação, foi quando o Arcanjo Gabriel revelou à Virgem Maria que ela carregaria em seu ventre uma nova encarnação de Deus, representando o início da história de Jesus Cristo, e, por consequência, o início do novo ano. Porém, para os antigos romanos, janeiro era o mês dedicado a Janus, que na mitologia era um Deus de duas faces, do começo e do fim, e por isso marcava a virada do ano.

Calendário e Ano-Novo Chinês

Dando sequência ao calendário de festividades, direto do futuro, vamos comemorar outro ano-novo em fevereiro graças aos chineses. O famoso ano-novo chinês acontece em dias variáveis, entre os meses de janeiro e fevereiro, pois o país segue um calendário lunissolar, ou seja, que leva em consideração tanto as fases da Lua quanto a posição do Sol.

Em relação ao calendário gregoriano, o ano-novo chinês acontecerá em 12 de fevereiro de 2021, estendendo-se até 31 de janeiro de 2022. Totaliza 354 dias, e isso se dá porque o ciclo lunar tem em média 29,5 dias. Mas atenção: o calendário chinês entrará no ano 4719 e trata-se do sistema de contagem de tempo mais antigo da história, instituído por Huang Di, o Imperador Amarelo. Da mesma forma, Hong-Kong, Macau e Taiwan também celebram a data.

Celebração chinesa

Calendário e Ano-Novo Islâmico

Já em março e agosto nossa viagem será de volta ao passado. Baseado no ciclo lunar, o calendário islâmico teve início no ano 622 d.C., quando o profeta Maomé deixou Meca e foi para Medina, evento conhecido como Hégira ou Hijra. Muçulmanos celebrarão o início do novo ano entre as noites de 9 e 10 de agosto de 2021, pois em Israel os dias iniciam ao pôr-do-sol, e eles entrarão no ano 1443, que seguirá até 29 de julho de 2022. É um calendário adotado por países do Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia, mas não pelo Irã, que, embora seja um país majoritariamente islâmico, segue o calendário persa.

A chegada do novo ano persa Nowruz é uma celebração que acontece no equinócio da primavera no Hemisfério Norte e baseia-se no calendário solar. Em 21 de março de 2021 do calendário gregoriano acontecerá a mudança para o ano 1400.

Calendário e Ano-Novo Hindu

Ao contrário do que muitos pensam, o hinduísmo não é uma religião única, mas sim um conjunto delas, com diferentes crenças. Sendo assim, celebrações de ano-novo acontecem em diferentes épocas do ano. Bem-vindo ao caldeirão cultural chamado Índia!

Diwali, a Festa das Luzes, muitas vezes é referenciada como o réveillon hindu, mas ela é na verdade uma celebração que engloba o ano-novo e é apenas uma das numerosas festividades. Também baseada nas fases da lua e em estudos astronômicos, a mudança de ano acontecerá somente em 5 de novembro de 2021 para a comunidade Gujarati, e, ao longo de cinco dias de festival, eles celebrarão o triunfo do bem sobre o mal e da luz sobre as trevas.

Outras festividades acontecem de acordo com o calendário local adotado pela comunidade. Aqueles que se baseiam no calendário solar, em sua maioria, celebram o ano-novo em data fixa, 14 de abril. É o caso das regiões de Assão, Punjab, Querala, Tamil Nadu e Bengala Ocidental. Já os que se baseiam no calendário lunar comemoram em datas variáveis, como por exemplo, as regiões de Karnataka, Telengana, Goa, Caxemira, Rajastão e Manipur. Coincidentemente em 2021 o ano-novo lunar hindu dessas regiões também será em abril, no dia 13.

Ao todo, são mais de 20 celebrações diferentes que marcam o ano-novo indiano, porém o hinduísmo também está presente em outros países. Em Bali, na Indonésia, por exemplo, o ano-novo hindu será em 14 de março de 2021 do calendário gregoriano, sendo que eles celebram a chegada do ano 1943. Nyepi, o ano-novo balinês, é um dia reservado ao jejum e a meditação. Nem sempre a celebração é regada à comes e bebes e música e dança; refletir também faz parte do processo!

Calendário e Ano-Novo Budista

O povo budista, em geral, segue calendários lunissolares ou lunares para seus eventos religiosos, que embora compartilhem certas semelhanças, também apresentam algumas diferenças, gerando assim datas distintas de comemoração.

O ano-novo no Camboja (Chaul Chnam Thmey), Laos (Pi Mai), Sri Lanka (Aluth Avurudda) e Bangladesh (Pahela Baishakh) acontecerá em 14 de abril de 2021. Tailândia (Songkran) e Mianmar (Thingyan) celebrarão um dia antes. Já o Tibete (Losar), Vietnã (Tết nguyên Đán) e Mongólia (Tsagaan Sar) usam um sistema de contagem do tempo semelhante ao dos chineses, portanto a festividade tende a ser comemorada no mesmo dia, sendo que em 2021 acontecerá em 12 de fevereiro.

Calendário e Ano-Novo Judaico

No mês de setembro vamos comemorar uma virada bastante futurística. A contagem do tempo para o povo judeu se dá a partir do que eles acreditam ser a criação do universo através de Adão. Entre as noites de 6 a 8 eles celebrarão a chegada do novo ano, de número 5782, em um período de introspecção e reflexão. A celebração dura 48 horas e tem início no fim do dia anterior, isso porque os dias em Israel também se iniciam ao pôr-do-sol.

Contrários aos rabinistas, os judeus caraítas adotam o Rosh Hashanah (ano-novo) no mês de “Aviv” (correspondente a março / abril), pois não aceitam a versão rabinista da existência de uma Lei Oral, transmitida de geração a geração, admitindo apenas o que está registrado na Torá Escrita, a primeira parte da Tanakh (a Bíblia Hebraica). O novo ano se inicia com a chegada da lua nova visível e a plantação de trigo pronta para a colheita.

Ano-Novo Egípcio

Em 11 de setembro, os egípcios coptas comemoram seu ano-novo (Nayrouz) em memória ao antigo calendário que marcava o início da enchente do Nilo. Os etíopes também celebram o ano-novo na mesma data, em uma cerimônia chamada Enkutatash, que significa “presente de joias” e marca o fim da estação chuvosa e a chegada do sol.

Ano-Novo Iorubá

Presentes principalmente na Nigéria, o povo iorubá segue seu próprio calendário, cujo ano-novo começa na última lua de maio ou na primeira de junho. Em 2021 eles receberão o novo ano em 3 de junho.

Ano-Novo Sakha

Estabelecido no extremo oriente da Sibéria russa, o povo Sakha (originalmente um grupo étnico turco) celebra o ano-novo duas vezes: no dia primeiro de janeiro, junto com toda a população russa e próximo ao solstício de verão no hemisfério norte. O festival Yhyakh, seguindo as tradições antigas, reverencia principalmente a chegada do sol. Certamente dá pra entender a importância do astro-rei para um povo que vive a maior parte do tempo em temperaturas extremamente negativas, podendo atingir até -60°C no inverno! Em 2021 a celebração acontecerá em 21 de junho.

Yhyakh Festival

Ano-Novo Mapuche

No solstício de inverno do hemisfério sul (junho), os indígenas mapuche, originários do Chile, comemoram o ano-novo We Tripantu, celebrando a “saída do novo sol”. Isso porque após essa data inicia-se um período em que as noites passam a ser mais curtas e os dias mais longos, com mais luz. E mais uma vez o astro-rei marca sua presença.

Ano-Novo Maori

Em julho, a expedição será rumo a Nova Zelândia, para celebrar o ano-novo maori. Baseada no calendário lunar Maramataka, a virada de ano também acontece próximo ao solstício de inverno no hemisfério sul, por volta do dia mais curto do ano, e está vinculado ao surgimento da constelação Plêiades, em Maori chamada de Matariki. O aglomerado de estrelas pode ser visto de qualquer lugar do mundo e a celebração relembra os antepassados e agradece a vida. Em 2020 o site oficial do turismo da Nova Zelândia fez, pela primeira vez, uma transmissão ao vivo do evento e em 2021 o ano-novo será em 2 de julho.

Ano-Novo Celta

Na noite de 31 de outubro inicia-se a comemoração do Samhain, o ano-novo celta, não do Halloween, embora esses eventos tenham muito em comum. Na verdade, diz-se que o Samhain deu origem ao Halloween. Era a celebração do fim do verão, a passagem para o inverno, e também marcava o fim da temporada de colheita, iniciando o novo ano. Um grande festival acontece na Irlanda nesta data, no mesmo lugar em que escavações arqueológicas sugerem ter sido utilizado há mais de 2.000 anos como local sagrado de encontro do povo celta. Como está vinculada à natureza e às estações do ano, a celebração acontece na virada de 30 de abril e 1 de maio no hemisfério sul.

Púca Festival

Ano-Novo Inuit

De acordo com a religião Inuit, seguida pelos Inuit, Yupik, Aleut, Chukchi e Iñupiat, povos que habitam as regiões árticas do Alasca, Canadá e Groenlândia e alguns extremos da Rússia, o novo ano vem acompanhado de um festival conhecido por Quviasukvik, que começa no dia 24 de dezembro e vai até 7 de janeiro, sendo a véspera do Natal considerada o primeiro dia do ano. Existe, inclusive, um mini documentário produzido em uma comunidade no Canadá em 1995 mostrando como é a celebração.

Ano-Novo Gurung

Losar, Lhosar, Lhochhar… diferentes escritas para o mesmo significado: “lo” significa ano e “sar” significa novo. Losar é o principal ano-novo budista, de origem tibetana, e serve como referência para várias outras comemorações. Uma delas é o Tamu Losar, celebrado pelos Gurungs, no Nepal. A festividade acontece no décimo quinto dia do mês “Poush” do calendário local, que tende a coincidir com o fim de dezembro (dia 30) do calendário gregoriano, e a tradição é comemorar com grandes reuniões familiares, muita dança e comida típica para dar as boas-vindas ao novo ano.

Tradições

A mudança de ano é um momento celebrado com diferentes rituais. Enquanto vietnamitas limpam a casa, malaios definitivamente não o fazem, porque isso significaria tirar algo de dentro dela. O branco, adotado em nosso país e em muitos outros como símbolo de paz, na China é evitado, pois é considerado a cor da morte. Quem reina mesmo por lá é o vermelho.

Enquanto uns ostentam fartura em seus banquetes repletos de comida e bebida, outros fazem jejum, e, ao invés de comemorar com música e dança, se entregam a um profundo silêncio: o ano-novo é um momento de recolhimento, introspeção e reflexão.

Se na Índia a festa é das luzes, não ouse ascendê-las em Bali! Por ali, a regra é clara: não falar, não comer, não sair de casa, e, principalmente, manter as luzes praticamente apagadas.

Ao celebrar o ano-novo chinês não pense no passado, fale apenas do futuro e nada de expressões negativas. Porém, ao celebrar o ano-novo budista faça um balanço do ano que passou: esse é o momento de analisar o que foi bom e se desconectar do que não foi, é hora de se purificar para planejar e receber um novo ano!

Junto aos judeus, não deixe de mergulhar sua maçã no mel, afinal, todos querem um novo ano bem docinho, mas, junto à comunidade tâmil, vai ter que comer também o amargo e o azedo, pois tem que provar que está preparado para encarar tudo o que vier pela frente com igualdade!

Seja para agradecer aos antepassados ou prospectar augúrios auspiciosos, motivo para celebrar não falta. Há quem homenageie o astro-rei no verão, pelo que ainda virá, mas há também aqueles que o agradecem no inverno, por tudo o que proporcionou. Diferentes pontos de vista, mas o que importa mesmo é comemorar!

Calendário de Ano-Novo

Agora que você já tem um calendário repleto de anos-novos para comemorar, afivele os cintos para nossa decolagem. Após comemorar o ano-novo cristão, desembarcaremos em fevereiro na cultura chinesa, vietnamita e tibetana. Em março a celebração será persa iraniana e hindu balinesa. Abril vem pra ninguém botar defeito: ano-novo hindu indiano e budista em grande parte do sudeste asiático. Na virada de abril para maio comemoraremos o ano novo celta no hemisfério sul. Em junho a festa será na Rússia, no Chile e na Nigéria e de lá vamos direto para a Nova Zelândia, em julho. Nos juntaremos aos muçulmanos em agosto e aos judeus rabinistas, egípcios e etíopes em setembro. No último dia de outubro a festa será na Irlanda e em novembro a Índia entrará novamente no roteiro, para então aterrissarmos no Canadá e no Nepal, em dezembro.

Comemorações à parte, é válido ressaltar que, embora os países acompanhem seus calendários próprios para fins religiosos e culturais, a maioria deles segue o calendário gregoriano para fins comerciais e civis.

Independente da data, o fato é que o ano-novo traz consigo o desejo de renovação, de um ciclo com novas conquistas, novos aprendizados e evolução. Mas lembre-se que, independente do que seja feito na passagem do ano, o que vale mesmo é o que fazemos ao longo dele todinho! Nenhum objetivo é alcançado se não corremos atrás, nenhuma meta é atingida se não nos dedicamos; as conquistas são fruto de muito trabalho e esforço empenhados.

Que você tenha muitos felizes novos anos!

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Renata Jacomolski

Turismóloga, administradora e aspirante a jornalista de viagens. Apaixonada por conhecer novas culturas e aprender novos idiomas. Genealogista por paixão e estudiosa das viagens enquanto movimentos migratórios. Defensora incansável da vida digital através do trabalho remoto e do estudo online. Brasileira radicada na Suécia.

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